quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Olhos de Cigana, Oblíquos e Dissimulados!


Quando a Globo fazia um enorme segredo sobre a minissérie Capitu, que foi ao ar nesta última segunda feira, havia uma razão para isso. Ela não queria que fosse descoberto o conceito por trás deste produto que tem tudo pra se tornar o mais completo e palatável vindo do diretor Luis Fernando Carvalho.

Levar Machado de Assis para a tevê é o mesmo que tentar fazer uma versão funk de "Aquarela do Brasil". São duas coisas completamente diferentes. O que se pode tentar fazer é capturar o "espírito" do livro, tarefa que o roteirista Euclydes Marinho cumpriu muito bem. O narrador vivido pelo ator Michel Melamed é de um cinismo e uma graça que chegamos a sentir falta quando ele se retrai e dá espaço às cenas de sua infância. Foi uma puta sacada pegar o texto literal do livro e colocar no roteiro, seja sob a interpretação de Melamed, ou sob a forma de escrita em bico de pena sobreposta às imagens antigas.

Outro boa sacada foi ter filmado tudo em estúdio, mesmo as cenas que pretensamente teriam se passado em cenários externos. É tudo parte da linguagem de LFC, que remonta à "Hoje é dia de Maria" (2005)

Não sei se a minissérie está indo bem de audiência. Sei apenas que é necessário (talvez umas 2 ou 3 vezes por ano) haver ousadia por parte de nossos diretores e roteiristas. É algo que não se paga com o projeto corrente, mas sim a longo prazo, no qual ganharemos mais - e por que não dizer, melhores - opções de dramaturgia. E a Globo parece estar respeitando esta premissa, já que deu prosseguimento ao "Projeto Quadrante" do LFC que culminou nesta obra genial. Tenham certeza de que ela será indicada ao Emmy!

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