terça-feira, 24 de novembro de 2009

Se vai copiar, faça-o direito!


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"Se vai copiar, faça-o direito".

Estou dizendo isso porque recentemente assisti ao programa "O Preço Certo", durante a tarde, na Record. Na medida em você o assiste, você conclui naturalmente que:
  • O programa é um formato da Freemantle (detentora de marcas como American Idol) que foi vendido à Record;
  • A Record fez um excelente negócio comprando este formato da Freemantle;
  • E a Record não soube trabalhar o formato em sua adaptação nacional;
Digo isso porque eu conheço o formato original.


"O Preço Certo" é baseado em um programa fenomenal chamado "The Price is Right", um verdadeiro ícone americano do pós guerra. Um ode ao consumismo capitalista, perfeitamente apresentado por Bob Barker, o mestre dos mestres quando o assunto em questão é a apresentação de programas de auditório. Para se ter uma ideia do sucesso de "The Price..." o programa foi criado em 1956, Bob entrou em 72 e esse senhor só saiu de cena em 2007! "The Price..." ainda está no ar (atualmente é apresentado por Drew Carey) e para efeito de
comparação - para não ficar descomunalmente superior à versão nacional - vou ficar apenas com o período "Carey".

Um dos segredos do programa é o fato dele ser escancaradamente consumista. "The Price..." não apenas é uma vitrine dos produtos como também é uma verdadeira revista eletrônica que fala sobre esses mesmos produtos. Falta pouco para ele não se tornar um canal de vendas por telefone. E qual é a natural consequência para um programa quano se fala bem e bastante de seus produtos? Há mais e melhores produtos para serem presenteados. Os anunciantes se acotovelam e disputam a tapas um espaço por menor que ele seja. Por outro lado, quando se fala demais sobre um produto é grande a chance do programa tornar-se enfadonho e chato (e consequentemente perder audiência). O que "The Price..." consegue é equilibrar de modo primoroso o display de produtos com o lado divertido do programa (a parte dos jogos e da tensão dos participantes). Essas tentativas de adivinhação de preço carregam toda a emoção do programa.

Na versão nacional a narração de Débora Santili
resume apenas o tipo do produto que está na vitrine. Não falam da marca, não falam as características deste produto e o quanto ele pode ser útil na sua casa. Talvez os produtores brasileiros tenham tido medo do programa tornar-se um canal de vendas, mas no caso de "O Preço Certo", é exatamente isso que o público queria ouvir. Para o caso deste programa, o tal "ode ao consumismo" tem de ser assumido e defendido, caso contrário, o formato deixa para trás sua principal característica.

Débora é um amor de pessoa, mas se o formato original tem de ser seguido, ela não deveria aparecer diante da câmera (por mais simpática que seja). Sem contar que a narração original é feita por um homem!

Deu para perceber que aqui segue-se o mesmo modo de seleção de participantes que existe no modelo americano. Os participantes inscrevem-se pelo site ou apresentam-se no estúdio, dão seus nomes à produção e são depois sorteados aleatoriamente para participar dos jogos. Ou seja, qualquer um na plateia pode se tornar participante e sair do estúdio até mesmo com um carro zero. Em sua maioria, eles são jovens bonitos (muitos vêm de universidades) cheios de empolgação e roupas transadas.

E no entanto é exatamente esse o problema. A plateia mais parece uma turba vinda da gravação de "Idolos". Ele não são uma plateia adequada para a gravação de um programa cujo público alvo é formado por mulheres que trabalham ou estão em casa à tarde. Eu senti falta das "colegas de trabalho", das senhoras de meia idade e das mulheres de classe D e E que encantaram (e ainda encantam) o SBT por tantos anos. Por mais animados que esses jovens sejam, eles não são páreos para elas. Essas mulheres sim, sabem o que é animação de auditório.

Juan Alba tem futuro como apresentador, mas a sua imaturidade no palco ainda é visível. Ainda há muitas e desconcertantes lacunas entre as falas dele e a de seus convidados. Vemos que ele ainda não domina as regras do jogo, e nos momentos em que não há mais a necessidade de perdurar a tensão, ele tenta desnecessariamente produzi-la ("Se você tivesse escolhido este número, vamos ver o que você ganharia?", pergunta a certa altura). Acho que um bom laboratório (Horas e mais horas do programa original) e uma boa direção resolveriam o problema.

O Preço Certo tem um tremendo potencial. Basta apenas que um diretor competente (e que saiba bem sobre o formato original) saiba dar o tom certo.

CZ






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