sábado, 18 de abril de 2009

Internet e TV Aberta - A lição da Bravo.

O canal Bravo, dos EUA, tem um programa chamado "The Real Wives of Orange County" (algo como "As verdadeiras esposas de Orange County"), trata-se de um reality show cretino que acompanha o dia a dia de dondocas da cidade de Orange County. Até aqui, nada de interessante, mas se virmos o trabalho realizado pelo pessoal da Bravo para promover este programa, aí começa a parecer algo digno de nota. A Bravo está promovendo o seu programa através do que se chama em inglês "mobile website", ou sites exclusivos para serem acessados por aparelhos móveis. Segundo a revista Television Week, o número de acessos destes sites exclusivos dobrou de 2007 a 2008. Além disso, houve uma explosão no uso deste recurso em outubro de 2008 que depois dobrou, mês a mês, embora a emissora tenha se recusado a divulgar números ou o motivo disto (desconfia-se que seja ao sucesso de vendas dos smartphones).

É nesses mobile websites que o fã destes programas (neste caso, o "The Real Wives...") pode votar e comentar se Lynne, uma das participantes, está sendo uma boa mãe. Se Gretchen (outra participante) está apenas interessada em dinheiro e muitas outras questões não tão existenciais, mas extremamente importantes para a audiencia do reality show. Trata-se de mais uma oportunidade de divulgação e, por que não dizer, de negócio, que surgiu para um produto de entretenimento que foi totalmente aproveitada por uma empresa antenada com a tecnologia de sua época.

Não é de hoje que internet e emissoras de televisão dos EUA andam de mãos dadas. Aos beijos na verdade. Promover um programa na internet é algo tão comum para eles que empresas como a ABC por exemplo, chegam a produzir episódios de Ugly Betty exclusivamente para seus sites. São chamados no jargão de marketing de "webisodes", com historinhas inteiras (não tão longas quanto episódio da tevê) e dicas de personagens sobre os assuntos mais pueris. A CBS vai pelo mesmo caminho e explora todos os recursos de divulgação (além das possibilidades comerciais) disponíveis atualmente para seus programas. Em todos estes sites pode-se:

  • assistir episódios (inteiros) de suas séries preferidas;
  • bater papo com fãs no chat enquanto se assiste a um episódio;
  • ver trechos nunca antes mostrados de alguns programas;
  • ver entrevistas com atores e "making of";
  • inscrever-se para promoções, sorteios e futuras edições do programa;
Pode-se dizer que a era dos mobile web sites é um avanço natural para as emissoras divulgarem seus produtos, já que os sites convencionais estão sendo usados em sua capacidade plena. É claro que anunciantes não estarão de fora deste "boom". No caso da Bravo, por exemplo, empresas de peso como a Toyota e a Maybelline já possuem espaços reservados nesta nova mídia, talvez porque os meios tradicionais de anúncio na internet estejam abarrotados ou caros demais. Ferramentas como chat para os programas, votação por mensagens de texto e jogos já estão com anunciantes.

A iniciativa da Bravo em expandir sua capacidade em atender mais (e melhor) seus usuários com celulares é a prova de que as campanhas publicitárias nesta mídia tendem a aumentar de modo significativo nos próximos anos. "Estamos tentando criar assunto antes, durante e depois que o programa for ao ar, e assim criar uma experiência mais profunda com o telespectador e maximizar o efeito de 'boca a boca'", disse Lisa Hsia, vice presidente de mídia digital da Bravo. Seguem em números quais serão as perspectivas para a banda larga nos próximos anos.

  • 436 milhões: É o número de casas com banda larga em 2010.
  • 864 milhões: Será o crescimento deste serviço até 2020.
  • 150 milhões: Número de residencias que também possuirão dispositivos móveis em 2010.
  • 6 em 10: É a proporção de casas com banda larga que acessarão outros dispositivos em 2020.
É claro que seria interessante um serviço desta natureza no Brasil (se é que já não existe), mas avançar para esta etapa sem ter explorado totalmente nossos websites seria realmente uma pena. Jogos em flash, chats, votação, entrevistas e vídeos inéditos de programas são apenas uma amostra que poderia ser usada e incrementada em nossos sites. A promoção do produto é tão importante quanto o produto em si. Esse recado foi passado pelas grandes emissoras americanas há tempos, e por que não foi seguido plenamente pelo pessoal daqui é a pergunta que martela na minha cabeça.

terça-feira, 14 de abril de 2009

O dilema da MPA / APCM

Depois do anúncio de fechamento do Series BR, um popular site de downloads de séries da internet, li aqui que os americanos estão cada vez mais assistindo séries em seus computadores. Somente no mês de março foram assistidos via streaming mais de 9 bilhões de vídeos (cerca de 130 milhões de americanos usaram o serviço neste mês). O serviço de vídeos pela internet tem crescido exponencialmente e só acho que vai estabilizar no momento em que o número de usuários for parecido ao número de telespectadores.

O "Séries Br" possuía uma acervo fantástico. Era através dele que os brasileiros mantinham-se atualizados sobre suas séries prediletas. Era simples assim: um episódio de Lost saía na quarta feira nos EUA, na quinta o site já possuía o seu link. Eficiente, simples e até mesmo (no devido tempo) oferecia ao internauta a opção de assistir ao filme com legendas. Não teve outro jeito: cresceu tanto que chamou atenção da poderosa (e ineficaz) APCM (Associação Antipirataria de Cinema e Música) que não demorou muito para entrar com um pedido do fechamento do site junto ao Google. Ponto para a APCM, ponto também para a MPA (Motion Picture Association, órgão que representa os produtores de conteúdo americanos) os direitos dos seus associados foram mais uma vez resguardados. Mas e o público?

A MPA, os estúdios e seus distribuidores aqui no Brasil podiam aprender algo disto. A partir do histórico promovido pelo Séries BR será que ninguém teve a (não tão) brilhante idéia de montar um site voltado - legalizado obviamente - para a exibição das séries mais populares e atualizadas do momento? É tão difícil fazer isto? Por que não fazer aqui o mesmo que a ABC, CBS e NBC fizeram nos EUA e montar um site no qual possamos assistir a um episódio completo da série cuja exibição perdemos na televisão? O leitor mais atento poderia sugerir agora para que acessemos o site original americano. Não dá! A coisa lá foi feita do jeito correto. Os vídeos estão restritos aos EUA! Limitaram o acesso aos americanos, para poderem negociar tranquilamente os contratos com outros países, mas não deixaram o público na mão.

Agora... o que a MPA quer que façamos por aqui? Eles querem que na era da internet 2.0 nós esperemos 6 meses para assistir ao episódio na tevê a cabo? E quem não tem tevê a cabo? Reza para que ela seja comprada por uma emissora e espera 1 ano? Só posso dizer que eles são doidos ou ignorantes. Não há como refrear o público deste jeito. Se continuar assim, não vai demorar muito para que surja um site substituto com tantas ou mais atrações (ilegais) que o seu predecessor.

Enquanto a MPA/APCM se limitar a fechar sites piratas e não prover o público com alternativas viáveis de comercialização de conteúdo, suas ações serão irrelevantes, e o que é mais sério: vão estar deixando de ganhar um bom dinheiro! Se o pensamento produtivo deles ainda se baseia no ciclo (já batidíssimo) CINEMA / TV ABERTA / CABO e DVD, eles precisam seriamente de ajuda. Não seria de todo mal que alguém do site "Séries BR" lhes propusesse um novo conceito em distribuição, afinal, tempo é dinheiro.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

O caso X-Men Origens!

Saiu no Twitter faz uma semana: "X Men Origins" vazou na
internet! A FOX empreendeu uma verdadeira caçada aos culpados. O arquivo foi parar no The Pirate Bay, e uma vez lá dentro... bau, bau! É uma questão de minutos até que não haja mais volta. Chegaram a retirar o link do primeiro fornecedor (seed) mas não adiantou mais! Os arquivos se espalharam como vírus, e em instantes eles estavam em primeiro lugar no quadro dos mais baixados do site e chegaram em outro grande portal de "torrent", o Mininova! Restou apenas ao estúdio minimizar o prejuízo declarando que o filme estava sem sequências inteiras e sem finalização em diversas cenas. Aconteceu também um episódio interessante. Os sites de entretenimento, blogs e sobre o universo Marvel boicotaram o produto pirata! Eles não postaram qualquer comentário sobre o filme pirata, justamente para coibir seu coméricio ilegal.

Depois de pesquisar o material vazado, os produtores começaram a desconfiar da Rising Sun Pictures. A RSP é uma produtora australiana de efeitos visuais responsável por maquiar filmes como Superman - O Retorno, Harry Potter e a Ordem de Fenix só pra citar 2 e me poupar trabalho. A empresa tem nome, história e alguns contratos pra zelar. Se foi ela realmente a responsável pelo vazamento do filme (isso vai ser provado mais tarde), seria um episódio lamentável. Basta se colocar no lugar do dono da empresa. Um sujeito que levou anos para construir uma reputação num mercado tão concorrido como o do entretenimento e que pode perder tudos isso com a ação de apenas 1 mané.

Acho fácil pegar o responsável pelo vazamento: basta verificar as contas bancárias do envolvidos na produção dos efeitos visuais! Veja lá o depósito destoante de alguns milhares de dólares vindos "sei lá de onde" e "voi lá", aí está o seu fulano! É óbvio que uma ação deste tipo (leia-se ousada) foi financiada pelo mercado negro. Um técnico de efeitos visuais não ganha muito por mês, pode ganhar mais do que eu e você juntos, mas não o suficiente para recusar um proposta vultosa vinda "sei lá de onde".

Fico curioso com a brecha que este tipo de ação vai causar no mercado. Podem acontecer duas coisas:
  1. Do mesmo modo que aconteceu com o nacional Tropa de Elite, a FOX vai ter um lucro recorde com o filme, motivado pelo marketing obtido com tal notícia (filme vazado, curiosidade dos fãs) sem ter que gastar muito com publicistas. Daí será uma questão de tempo até que outros títulos vazem na internet sem que os produtores consigam conter "os infiéis".
  2. O filme fracassa na bilheteria motivado principalmente pelos péssimos comentários daqueles que já assistiram pela internet. Isso será vital para que o estúdio (e seus concorrentes) tomem providências urgentes sobre como conter e segurar o tráfego de material entre a produtora e as empresas contratadas para finalização e efeitos. Em uma visão mais alarmista, talvez eles até deixem de terceirizar estes serviços e passem a fazer tudo (de novo) em suas instalações. Será uma solução mais cara, mas será também seguro.
Ainda não me decidi sobre assistir (ou não) este filme da internet. Parece tentador, já que eu adoro ver filmes em versões inacabadas (disco 2 de DVD às vezes é assistido primeiro lá em casa). E talvez minha escolha não faça diferença nesta indústria gigantesca que é o cinema americano. E pensando melhor: foi com o público pensando assim que o filme X-Men Origins se tornou o campeão de "downloads" no sites piratas!

Por que Neil Patel é tão bom?

Quando este indiano criado nos EUA criou a conta "@whoisneilpatel" ninguém entendeu nada. Surgiu logo depois as fotos de modelos...