sexta-feira, 11 de julho de 2008

Você tem Medo de Avião Quando...

Estou descobrindo uma possível fobia. Não sabia que tinha isso, mas quanto mais penso nela, mais forma esta fobia vai adquirindo. Confesso que estou lutando bravamente para que isso seja apenas um equívoco tolo de viagem.
Eu espero estar errado, mas acho que tenho medo de voar.
Até então eu só tinha ouvido falar. Tinha visto notícias de tevê ou de jornal falando sobre terapias ou tratamentos eficazes que poderiam reduzir o pânico que acometia tantas pobres criaturas que não tinham qualquer outra opção de viagem. Mas sabe quando você não presta a menor atenção porque não existe a menor possibilidade disso fazer parte da sua vida? Aquelas pobres criaturas – coitadas delas – pra mim eram apenas alguns poucos doentes psicologicamente desequilibrados, ou burguesinhos a fim de fazer charminho e poderem aparecer um pouco mais na mídia.
Engraçado como eu ganhei o castigo que mereci, no momento mais inoportuno.
Nesta viagem que fiz para Los Angeles-CA (aliás foi maravilhosa), descobri que possivelmente sofro de... medo de voar! É terrível constatar isso depois de ter feito – graças a Deus há mais de 15 anos – um curso de comissário de bordo, ou ser irmão de um sujeito com mais de 3.000 horas de vôo no currículo.
E é também terrível constatar isso depois de ter tido a certeza de que isso nunca iria acontecer com você.
Essa sensação que beira o pânico e o acomete sempre de uma maneira diferente eu não desejo ao meu pior inimigo – pensando melhor, eu desejo a um ou dois deles, mas somente se tivesse a certeza de que eles sentiriam o que eu senti – porque é um verdadeiro horror.
Embora seja difícil descrever o que é o “medo de voar”, aqui vão algumas das sensações e pensamentos que me ocorreram durante a tortura. Eu pensei em muito mais coisas, mas se as colocasse aqui vocês iriam me classificar não como alguém com fobia, mas como um paranóico ou maníaco de alguma espécie. Acreditem, eu não tomei droga alguma.
Você tem medo de voar quando:
- lembra que existem pessoas que trabalham com isso TODOS os dias de suas vidas, e ainda estão vivos (um pouco ressecados mas ainda vivos) e seguem com suas vidas normalmente. É o caso dos que trabalham com aviação, como os pilotos, comissários e engenheiros de vôos, por exemplo;
- se conforta com o semblante sereno e feliz dos comissários, mesmo sabendo que eles não estão nem aí pra você;
- pensa que em algum momento aquilo tudo deve acabar, mesmo faltando 9 horas para terminar seu vôo.
- você não está na janela e alguém a fecha sem lhe avisar, você chega a ficar petrificado por alguns segundos por não ter mais a imagem exterior.
- respira aliviado no momento em que as luzes de “Fasten Your Seat Belts” (Coloque o cinto de segurança) se apagam, o que quer dizer que você pode desafivelar o seu cinto e circular pela aeronave – nesse caso, o contrário também fica valendo pois é sempre desesperador o momento em que o aviso de “Fasten...” se acende;
- respira aliviado quando os comissários passam pelo corredor vendendo bebidas ou produtos da companhia aérea, isso significa (na sua cabeça doentia) que eles fazendo isso porque realmente não há nada mais sério acontecendo;
- lê todo o material de emergência e sente-se capaz de dar uma palestra de 4 horas a respeito dele;
- quando não desgruda os olhos das informações do vôo que são exibidas no computador/GPS de bordo, você as assiste como se estivesse vendo o final do campeonato brasileiro;
- lembra de consultar o site chamado “Como as Coisas Funcionam” (How Stuff Works) porque naquele momento você não entende como aquela coisa toda consegue levantar vôo.
- sente um medo terrível ao entrar em território brasileiro pois naquele momento você se lembra das zonas de “black out” do nosso radar (lembra do apagão aéreo?, pois é, qualquer um com medo de avião lembraria dele);
- faz promessas a Deus no qual pede que se tudo acabar bem você visitará alguma igreja, fará alguma leitura bíblica ou rezará uma novena;
- percebe que está batendo palmas (assim como outros doentes como você) após a aterrissagem da aeronave.
Estes foram alguns, apenas alguns poucos exemplos de impressões que tive durante as tortuosas viagens de avião das minhas férias.
No caso de um passageiro com fobia, o meu caso com certeza, o mais difícil não é conter as suas ações, mas conter seus pensamentos. É por isso que a ajuda psiquiátrica faz-se sempre necessária.
Se você for como eu e tiver a cabeça cheia destes pensamentos antes, durante e depois da viagem, não se preocupe. Eu conheço recursos que tornaram a minha viagem um pouco mais tranqüila. Um deless se chama Rum, e o outro Cabernet Sauvignon. Não sei se são melhores do que uma terapia cognitiva ou uma PNL aplicada por um psicólogo, mas o sucesso de eu ter descido inteiro do avião - e não ter sido eletrocutado por algum comissário - com certeza deveu-se a eles. Fiquem à vontade para comentar o que fizeram para dar um olé na fobia, acho que vai ser interessante para todos. Fui.

Um comentário:

Juliana Parlato disse...
Este comentário foi removido pelo autor.

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