quarta-feira, 9 de maio de 2012

Escrevendo de um futuro próximo!

25 de maio de 2032. Há 20 anos ocorreu a reforma do nosso Código Florestal. Devido às mudanças ocorridas neste novo Código, tornamo-nos os principais exportadores de produtos agrícolas do mundo. Foram necessários apenas 6 anos para que ultrapassássemos a Europa e os EUA nesta corrida agrícola, e voltássemos a ser cunhados com a expressão "Brasil, Celeiro do mundo". Mas qual foi o preço que pagamos? Ninguém está querendo olhar a conta. É como se estivéssemos em uma roda de amigos e, depois de uma noitada de chope e excessos, chega a conta. E discretamente, todo mundo espera que algum afobado se apresse em pagá-la. Mas a outra conta (a do Código) infelizmente vai ter que ser dividida pelos mais de 250 milhões de brasileiros que se calaram quando o código foi revisto e mexido. Obviamente as indústrias exportadoras de produtos agrícolas foram os maiores beneficiados e à medida que nosso gargalo industrial exportador crescia, o produtor rural de médio porte desaparecia. Hoje eles fazem parte da história (a não ser, é claro, que produzam algo para consumo próprio). A dicotomia existente na produção de alimentos brasileira é formada pelos gigantes exportadores de um lado e pela produção particular, artesanal, de consumo próprio do outro. Vale tudo na hora de disputar o primeiro lugar em exportação. A Amazônia também perdeu em favor deste primeiro lugar. Temos mais áreas de plantio, temos mais pasto, e a cultura do desmatamento não só continuou como se solidificou depois da dita reforma (afinal, desmatar não é crime quando se pode contar com a anistia do governo). Hoje podemos ver pelo satélite alguns "buracos" na mata que não eram visíveis há vinte anos. Buracos do tamanho de cidades inteiras. Li certa vez sobre o número de espécies que se extinguiram neste período, mas eram tantas que não consegui guardar na cabeça. O único nome que guardei foi o do tatu-canastra. Guardei porque apesar de ser uma sub-espécie de tatu, é difícil imaginar que o prato que seus pais comiam não vai mais existir. Bem, termino desejando vida longa ao projeto exportador brasileiro. Não era isso que eles queriam? Alimentar bilhões de bocas mundo afora? Eu só não procuro pensar muito até quando isso vai durar (ou o que vai acontecer quando esse modelo entrar em colapso) porque adoro dormir à noite. Insônia não é comigo.

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